Sétif, situada no nordeste da Argélia, é uma das cidades mais marcadas pelo passado antigo do país. Conhecida pelas suas raízes profundas, identidade resiliente e ambiente urbano em constante evolução, tornou-se uma referência essencial para compreender o património da Mauritânia Romana. Em 2025, a cidade continua a desenvolver-se nos âmbitos cultural, económico e académico, preservando ao mesmo tempo os sítios arqueológicos que reflectem dois milénios de história. Este texto apresenta uma análise factual e abrangente sobre o passado e o presente de Sétif, oferecendo uma visão sólida para quem se interessa pela Antiguidade, pela história norte-africana e pelas dinâmicas urbanas contemporâneas.
Sétif foi fundada por volta do ano 97 d.C., durante o reinado do imperador Nerva, integrando-se na província de Mauritânia Sitifense. A localização foi seleccionada pela sua posição estratégica no planalto elevado, garantindo visibilidade, acesso comercial e elevado potencial agrícola. Nos séculos seguintes, a colónia romana desenvolveu-se como um centro administrativo com muralhas, edifícios públicos e ruas planeadas segundo o modelo urbano romano.
As escavações realizadas entre os séculos XX e XXI revelaram informações importantes sobre o funcionamento da cidade durante o domínio romano. Foram identificados vestígios de termas, residências com mosaicos e fragmentos de templos dedicados a divindades locais e imperiais. A estrutura urbana mostra uma combinação equilibrada entre arquitectura romana e influências númidas, demonstrando o carácter multicultural da região.
Na Sétif contemporânea, estas descobertas arqueológicas continuam a desempenhar um papel essencial na investigação académica e na preservação da memória histórica. Os esforços de conservação intensificaram-se após 2020, com equipas locais e internacionais a documentar e estabilizar estruturas frágeis. Em 2025, muitos artefactos encontram-se expostos no Museu Nacional de Sétif, que continua a ampliar os seus arquivos e colecções digitais.
A influência da Mauritânia Romana em Sétif ultrapassa os limites da arqueologia. A província desempenhou um papel decisivo na organização administrativa, nos sistemas agrícolas e nas redes comerciais, que continuaram a evoluir mesmo após a retirada romana. O planalto de Sétif tornou-se um centro de produção cerealífera, tradição que ainda caracteriza a região.
Registos históricos e achados epigráficos confirmam que Sétif mantinha ligações económicas significativas com o Mediterrâneo. Ânforas encontradas no local mostram exportações de cereais, azeite e cerâmica para cidades como Hipona Regius e Cesareia. Esta actividade comercial contribuiu para a prosperidade da Mauritânia Sitifense e consolidou a importância regional de Sétif.
Embora muitos elementos urbanos da época romana não tenham sobrevivido integralmente, a sua influência conceptual permanece visível na organização actual da cidade. Padrões viários, hierarquias espaciais e preocupações defensivas continuam a influenciar o planeamento urbano moderno, evidenciando uma continuidade singular entre a Sétif antiga e a contemporânea.
Após o declínio do poder romano no século V, Sétif entrou num período marcado pela presença vândala, bizantina e, posteriormente, islâmica. Fontes históricas mencionam alterações militares e políticas significativas, mas a cidade manteve relevância devido à sua posição estratégica no planalto. As fortificações bizantinas do século VI demonstram claramente o seu valor defensivo.
Com a chegada das dinastias árabes no século VII, Sétif transformou-se num centro cultural e administrativo ligado à nova organização islâmica. A agricultura expandiu-se, as redes comerciais diversificaram-se e surgiram novos estilos arquitectónicos. Embora poucos edifícios deste período tenham sobrevivido por completo, os traços do desenvolvimento medieval ainda são perceptíveis nos bairros antigos.
Durante a Idade Média, Sétif destacou-se pela actividade artesanal e intelectual. A cidade estabeleceu ligações entre regiões costeiras, o Saara e o Magrebe, desempenhando um papel fundamental nas rotas caravaneiras. O clima do planalto favoreceu a agricultura, garantindo um abastecimento regular às populações circundantes.
Durante a governação dos Ziridas e dinastias seguintes, Sétif manteve estabilidade regional. As mudanças políticas do Magrebe afectavam ocasionalmente o seu desenvolvimento, mas a força agrícola da região assegurava continuidade económica. O planalto continuou dedicado ao cultivo de cereais, criação de gado e mercados sazonais.
A partir do século XVI, Sétif integrou-se no domínio otomano, que introduziu reformas administrativas e reforçou rotas comerciais. Embora não fosse uma capital otomana, a sua localização permitiu contacto regular com centros costeiros e comunidades do interior. Este período contribuiu para a evolução das práticas administrativas que perduraram até à era moderna.
No século XIX, a ocupação francesa alterou profundamente o tecido urbano e social. Foram construídas novas estradas, edifícios administrativos e áreas residenciais. O interesse arqueológico pelo passado romano cresceu, conduzindo a escavações sistemáticas que formaram a base das colecções actuais do museu.

Após a independência da Argélia, em 1962, Sétif iniciou um período de rápida expansão. A criação da Universidade Ferhat Abbas, em 1978, marcou uma mudança decisiva, transformando a cidade numa referência académica. Em 2025, a instituição continua entre as mais prestigiadas do país, com faculdades de história, arqueologia, engenharia e ciências médicas.
No plano económico, Sétif tornou-se um centro industrial e agrícola. Os sectores alimentar, têxtil e mecânico desempenham um papel relevante, enquanto empresas locais expandem as suas actividades para outros mercados. As terras férteis do planalto mantêm a tradição agrícola que caracteriza a região desde a Antiguidade.
Os projectos urbanos da última década trocaram ênfase em infra-estruturas, preservação cultural e serviços públicos. A restauração de sítios arqueológicos, melhorias no museu e iniciativas educativas reforçam o compromisso com o património. Em 2025, Sétif apresenta um equilíbrio entre crescimento moderno e conservação histórica.
A população de Sétif reflecte séculos de influências culturais acumuladas. Tradições locais, dialectos e expressões artísticas demonstram a interligação entre herança berbere, cultura árabe e influências mediterrânicas. Festivais, conferências e actividades comunitárias contribuem para manter viva esta diversidade.
O centro urbano, com a sua mistura de arquitectura contemporânea e edifícios restaurados, oferece um ambiente em que passado e presente coexistem. O Museu Nacional de Sétif, parques urbanos e instituições académicas reforçam a vida cultural, atraindo investigadores, estudantes e visitantes.
Em 2025, Sétif destaca-se como uma cidade que preserva a herança da Mauritânia Romana enquanto responde aos desafios contemporâneos. A sua importância arqueológica, avanço académico e dinamismo urbano consolidam a sua posição na história cultural da Argélia.